domingo, 11 de agosto de 2013

ventilador na pasta de dente


Peguei esta história do blog do Ênio Padilha (confira a versão dele aqui) , a qual reproduzo a parate principal:
Uma história contada em vários blogs e sites de administração, e também em vídeos e palestras, sempre tida como: "clássica e verdadeira" uma grande empresa multinacional (que fabricava, entre outras coisas, pasta de dentes) tinha, há 15 anos, um grande problema para ser resolvido: na esteira final de embalamento algumas caixinhas vinham vazias, sem o tubo de creme dental. Isso era um problema pois poderia causar dificuldades comerciais para a empresa.

O que fez a multinacional? Contratou dois engenheiros para resolver o problema. Os dois engenheiros trabalharam por três meses, consumindo oito milhões de reais e chegaram a uma solução "estupenda": um programa de computador, acoplado à esteira de aço com uma balança ultra sensível. Quando passava uma caixinha vazia o sistema acusava a diferença de peso, parava a máquina, travava tudo, um braço hidráulico vinha e tirava a caixa vazia.

Depois de dois, três meses de funcionamento perfeito, foram olhar os relatórios e descobriram que havia dois meses que o sistema estava desligado. Chamaram supervisor, gerente e chefe e ninguém sabia de nada. Chamaram os operários e alguém falou: "a gente desligou isso, porque dava um trabalho danado. Travava o tempo todo". Então, como é que está funcionando sem defeitos? "A gente resolveu do nosso jeito: fizemos uma vaquinha, juntamos oitenta reais e compramos um ventilador grande e colocamos na esteira. Quando passa uma caixinha vazia o vento carrega!"

Eu escuto esta história desde que estudava TEcnologia Mecânica, em 1995! Com uma e outra variação, ela continua incólume. Mas como o próprio Ênio mostra em seu blog, a história é FALSA!

Mas há ainda outras considerações que indicam a falsidade da história, vamos analisar alguns:

Primeiro: Se você acredita que uma empresa multinacional vai contratar dois engenheiros DE FORA, para resolver um problema interno, você nunca trabalhou numa empresa deste porte. 
A impressão que se passa é que a empresa não tem NENHUM engenheiro internamente, quando na verdade as multinacionais têm CENTENAS de engenheiros, de várias especialidades, trabalhando como funcionários. Claro que as companhias recorrem à terceiros para resolver um ou outro problema, mas nunca a um profissional isolado como a histórinha conta. São feitos contratos com várias empresas de engenharia, onde é exigido segredo absoluto dos fornecedores, e quem apresenta a proposta com o melhor custo-benefício é que leva o contrato. Quase como uma licitação governamental.

Segundo: Se você acredita que seria permitido aos funcionários de uma grande multinacional "fazer uma vaquinha" e enfiar um ventilador na linha de produção sem nenhuma autorização prévia; sinto muito, você nunca trabalhou numa empresa deste porte.

Terceiro: Se você acha que uma empresa multinacional iria colocar um caríssimo sistema de controle, e ficar TRÊS MESES sem ver o que está acontecendo; meu caro, esta empresa nem chegaria a ser multinacional.

Quarto: NENHUMA das soluções apresentadas resolveu o problema verdadeiro da companhia, que não era embalar e despachar caixa vazia de pasta de dente, e sim PRODUZIR caixa vazia de pasta de dente. E haja caixa vazia para que a direção aprovasse um investimento de oito milhões de reais. Considerando que este investimento leve cinco anos para ser pago, são quase R$ 140.000,00 por mês que este sistema deve economizar. Vamos contar que cada caixinha custe para a empresa R$ 0,05. Então são mais de dois milhões e seicentas mil caixas por mês, ou sessenta e duas por minuto. Acho que nem um ventilador de R$ 500,00 ia conseguir fazer voar tanta caixa.
Num quadro de desperdício tão grande, onde você iria trabalhar? tirando as caixas vazias da esteira, ou impedir que houvesse caixa vazia?


Pois bem, acho que já deu, não? Eu simplesmente detesto estas histórias mal-acabadas de consultoria. A grane maioria destes palestrantes nunca pisou numa f´brica e fica arrotando um conhecimento que eles não têm.
Por que eles não vão fazer um estágio numa linha de produção, mas sem se identificar como palestrante, para aprender um pouco como as coisas funcionam no planeta terra.