domingo, 23 de junho de 2013

coisas do campo

Volta e meia eu assito o Globo Rural e, apesar de o programa exibir a pujança e glória do agronegócio brasileiro (modo sarcasmo desligado agora), eles mostram alguns exemplos de como os agricultores trabalham de modo absurdo.
Dia 23 de junho de 2013 foi exibido uma reportagem destas. Lá num interior perdido que eu esqueci o nome ( e estou com preguiça de procurar na internet), mostraram como o pessoal do campo pode ser solidário.
Um grupo de peões se juntou para ajudar um amigo a arar um pedaço de chão. Mas o que chamou a atenção foi COMO eles fizeram isso. Primeiro botaram uns arados tinindo de limpos em cima de carros de boi impecavelmente arrumados, com todos os metais brilhando e sem nenhuma lasca de madeira faltando.
Sabe, tudo muito limpo e arrumado para ser ferramenta de trabalho de todo dia. É como o mecânico que não tem nenhuma ferramenta com graxa ou o martelo de borracha sem marca de batida.
Na verdade ficou a impressão que todo mundo pegou o arado e carro de bois da exposição agropecuária para aparecer na televisão.
Outra coisa que não consegui engolir é que colocaram UM arado em cima de CADA carro de bois. E cada carro de boi puxado por QUATRO animais. Me pareceu um desperdício enorme de boi. Será que não seria possível pelo manos levar dois arados em cada carro de boi?
Lembro que meu avó colocava quase uma tonelada de carga num carroção para UM boi puxar. Tem alguma coisa errada com esses caras.
Beleza, eles se dirigiram para uma fazenda longe e chegaram lá no comecinho da noite. E engraçado foi a maneira como guiavam os bois: com uma vareta na mão e o boi atrás e o cara explicando: vareta lá, boi pra cá, e outras coisas que não entendi direito. Será que não era mais prático botar uma espécie de rédea no boi e ir em cima do carroção, como meu tio fazia aqui no Sul? se o cara tropeçar e cair o boi para ou passa por cima?
Bois descansados no dia seguinte, dá-lhe trabalhar, não? Sim, só que com 84 bois para 16 arados. Sim, mais de CINCO bois para cada arado! Talvez o terreno fosse muito duro e precisassem revesar cada dupla de bois para evitar o cansaço dos animais. Mas, não! o terreno era fofo! os animais puxavam o arado sem dificuldade. E os caras estavam usando duas duplas de bois para cada arado.
De novo, comparando com meu avô, e outros parentes meus que cansei de ver trabalhando no campo, eles usavam no máximo uma parelha de cavalos (que são muito mais fracos que bois), para trabalhar em terreno duro que parecia um tijolo. Talvez uns estivessem exigindo demais dos animais e os caras do programa de menos....
De todo modo, o que quero dizer é que, apesar de toda a boa vontade e disposição dos pequenos produtores brasileiros, muitos deles utilizam muito mal os recursos disponíveis na propriedade. Acho sim um exagero botar quatro bois para puxar um carro com um único arado em cima. Assim como também é um claro desperdício de animais usar quatro bois em cada arado.
Alguns vão dizer que como não sou agricultor, não sei do que estou falando. Mas foda-se, tenho direito de ter opinião sobre o que eu quiser. Além do mais, tive sim muito contato com o campo e etá já trabalhei com pá e enxada na mão, sim. E me orgulho disso.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Profecias de Scott Adams.

Scott Adams é um dos meus autores preferidos, apesar de não acompanhar mais tanto o trabalho dele.
Ele também foi considerado uma das pessoas mais influentes no mundo dos negócios durante os anos 90.
Como ele mesmo dizia em seus livros: "Vou aproveitar a onda e ficar indecentemente rico". Acabou ficando rico mesmo e seus personagens ainda são citados como "exemplos" de funcionários e empresas.
Se quiser dar uma olhada na piada empresarial do dia é só visitar sua página oficial.
 Mais interessante que tudo isso, entretanto foi o que achei vasculhando a esmo na minha edição de "O Futuro Dilbert", página 132 e 133:

"O atual processo para preencher cargos tem sido uma coisa maravilhosa para pessoas desqualificadas. Eu fui um grande beneficiário do sistema no meu passado corporativo. Eu podia sempre contar com a transferência para um outro cargo na empresa, assistido pelo fato de que o gerente de contratacões não tinha um bom sistema para descobrir um candidato melhor. A falta de alternativas do meu empregador foi a minha vantagem.Mas o que acontece quando todas as ofertas de cargos e todos os currícu­los se encontram na Internet? Certamente isso vai acontecer. Você vai se descobrir de repente competindo com milhares de candidatos a um emprego que exige de baixa a média habilidade. Não vai mais poder confiar na ineficiência do processo de procura de emprego.As empresas serão capazes de encontrar um cadidato que não só se encai­xe num cargo perfeitamente sem precisar de nenhum treinamento, como tam­bém aceite um salário menor do que o normal para aquela posição. Por exem­plo, alguém num lugar esquecido como Dakota do Norte pode querer se mu­dar para a Califórnia e estar disposto a aceitar um baixo salário para fazer isso. De fato, pode estar até disposto a mudar sem exigir que lhe paguem os custos da mudança. De fato, pode estar disposto a colocar nas costas suas tralhas e caminhar até a Califórnia. (.......)Pela primeira vez na história, as empresas terão uma abundância de bons candidatos para todas as ofertas de emprego de nível médio. Isso significa que os salários para esses empregos cairão, a não ser que o governo interfira. Se o governo perceber o que está acontecendo com os salários, vai interferir e fazer o que sempre fazem os governos pelos impotentes — elevarão os impostos. Portanto, será ruim para todos."

O livro foi lançado antes de 2000, (me corrijam por favor), e a internet não tinha nem 1% da popularidade que tem hoje, na época ninguém sabia nem o que era o Google (curioso, não?).
O que quero mostrar é a exatidão com que Adams fala sobre como as coisas funcionariam nos dias de hoje. E nem preciso dizer o quanto ele está certo. E errado também.
Adams está correto no quesito de que os sistemas hoje permitem você avaliar candidatos até de outros países em questão de poucas horas (LinkedIn que o diga). Mas há uma variável inesperada, sempre ela.
Os Candidatos NÃO querem trabalhar por qualquer coisa, em qualquer coisa. Esta coisa de nossos avós e pais que "qualquer trabalho está valendo" não se ajusta mais na cabeça dos garotos. Eles querem trabalhar pouco, por prazer e ganhar muito por isso.
Acontece que só 5% das pessoas tem talento suficiente para se enquadrar nesta categoria e, ao contrário do que se esperava, as empresas não se automatizaram tanto, nem diminuíram drasticamente seu quadro de funcionários.
Qualquer gerente de RH hoje sabe como está difícil contratar alguém atualmente,  e isto acontece por dois motivos principais: 
1 - as empresas pagam pouco pelo trabalho que lhe mandam fazer, exigindo em troca uma formação e experiência exagerada.
2 - as pessoas, especialmente as mais jovens, não estão se preocupando tanto com o trabalho ( até parece que é novidade), e não vêem nenhum problema em ficar um tempo sem trabalhar. Muitos querem fazer algum bico e "levar a vida". daí não é muito fácil contratar alguém assim.
Por isso eu digo ás minhas filhas que elas devem procurar algo para fazer por conta própria, para não precisar nem ser contratadas, nem contratar ninguém.